Objetivos

O blog foi criado como uma ferramenta para divulgação dos trabalhos do projeto Biodiversidade Urbana de Cascavel que teve início em 2007, mas teve seus trabalhos desenvolvidos de forma mais sistemática a partir de 2008. O Projeto visa o conhecimento e a divulgação da diversidade de vida existente em espaços urbanos, no caso da cidade de Cascavel no Paraná.
Iniciamos com os componentes de fauna e flora, mas conforme a evolução e disponibilização de informações outros temas poderão ser abarcados. Em relação a fauna o blog será alimentado por fotos tiradas por nós ou por qualquer colaborador que as queira dividir e por encontradas em acervos públicos ou privados. Em relação a flora incialmente estaremos postando as fotos do Museu Botânico Itinerante, resultante da atuação de estagiárias da UNIOESTE, curso de Ciências biológicas, que pesquisaram, coletaram e processaram todo o material oriundo de áreas verdes do município de Cascavel, Paraná.

Nossa pretenção é de regularmente atualizarmos o blog com informações novas .



Obrigado, boa visita e volte sempre!



Luís Eduardo da Silveira Delgado (Dado)



Obs: Lá no final do blog há um livro de visitas, deixe seu recado!


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Coluna Ambiente por Inteiro Conservação Inevitável

Conservação Inevitável


Efraim Rodrigues

Acabo de ler Dom Pedro II, de José Murilo de Carvalho. A História Brasileira me interessa por que de tanto repetir-se, é sempre atual.

A abolição da escravatura esteve constantemente em pauta a partir do meio do século 19, mas os donos de terras conseguiram evitá-la por diversos meios.

- Sem escravos não existe agricultura no Brasil !

- O imperador quer a abolição só para mostrar-se na Europa !

- Quem vai ressarcir os proprietários de escravos ?

Alguns anos depois percebemos que mais que assegurar um direito humano (como se fosse pouco) a escravatura era um empecilho para a construção de um país de fato. Os donos de terras até gostavam de dispor de mão de obra muito barata, mas isto ia contra o verdadeiro progresso do país.

Faz 20 anos que ouço o lobby ruralista dizendo

- O Código Florestal vai acabar com a agricultura do país !

- Isto é pressão de ONGs estrangeiras !

- Quem vai nos ressarcir pela área perdida ??

Melhorar nosso ambiente é tarefa para todos e todos têm dado sua contribuição. A indústria sofre pesada regulação ambiental tanto do governo como de seus consumidores. Cidadãos têm sua carga de impostos aumentada, em parte para melhorar a conservação. Assim como no caso da escravatura, há proprietários de terras com mais visão que já estão no século 21, mas muitos ainda perdem tempo em Brasília tentando tapar o sol com a peneira.

Talvez conseguirão, considerando sua esperteza de tentar aprovar a urgência da votação da alteração do código florestal enquanto a bancada ambientalista estava em Cancun (não avisei que o encontro era uma fria ???). Um golpe de mestre que quase regrediu o país umas cinco décadas.

O lobby ruralista simplesmente teme o efeito desinfetante da luz do sol que o debate acadêmico e a participação populares vão trazer.

Agora, um dia depois desta coluna ter ido para os jornais, vemos que até nisto eles são muito espertos. De fato, a pressão popular não só conseguiria, como de fato conseguiu adiar a votação. Este adiamento é importante para que sejam incorporadas as opiniões públicas, acadêmicas e do Ministério do Meio Ambiente.

Acadêmicos têm trazido idéias interessantes, como a que não falta terras para agricultura e pecuária (já que há muita terra subutilizada). O país gasta muito para manter as universidades públicas. Não seria recomendável ouvir o que seus melhores professores têm a dizer ? Veja três destes trabalhos em meu blog http://ambienteporinteiro-efraim.blogspot.com/


Até agora, bastou fazer agricultura como mineração; explora e parte para outra. Agora que não temos mais fronteira agrícola, é melhor começar a pensar em uma agricultura mais sustentável, e o Código Florestal contribui para isto.

Prestem atenção, que esta gente lá em Brasília está quase trazendo a escravatura de volta para nosso país.

Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é Doutor pela Universidade de Harvard, Professor Associado de Recursos Naturais da Universidade Estadual de Londrina, consultor do programa FODEPAL da FAO-ONU, autor dos livros Biologia da Conservação e Histórias Impublicáveis sobre trabalhos acadêmicos e seus autores. Também ajuda escolas do Vale do Paraíba-SP, Brasília-DF, Curitiba e Londrina-PR a transformar lixo de cozinha em adubo orgânico e a coletar água da chuva

http://ambienteporinteiro-efraim.blogspot.com/

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Coluna Ambiente por Inteiro- Domingo, 23 de janeiro de 2011 O produto realmente sustentável






         Domingo, 23 de janeiro de 2011O produto realmente sustentável

     Quando ouço sobre “produtos sustentáveis”, me lembro do Alfeu, um amigo agricultor orgânico que montou uma barraca na feirinha dos produtores no centro de Londrina, com uma grande placa PRODUTOS ORGÂNICOS. Fez sucesso, vendeu tudo e na semana seguinte seus colegas todos tinham uma placa igual.
    Todos querem seu produto mais atraente para o consumidor, e uma balela freqüente é chamá-lo de sustentável, ecológico, verde, orgânico, natural, ou    ambiental.

    O paraíso da balela verde são as camisetas e calças jeans, produtos voltados para o público mais jovem e freqüentemente menos atento (os mais velhos são mais atentos mas também menos dispostos).

    Você pode comprar uma camiseta colorida de verde com uma árvore estampada, mas o fato é que para produzi-la gasta-se 150 g de agrotóxico e 2700 l de água. O primeiro dado é da Universidade de Cornell e o segundo é da ONG Waterfootprint. E o algodão orgânico ? Ele custa caro e as pessoas não gostam porque a fibra não é tão macia.
     Só os lunáticos acham que o mercado deseja produtos ambientais. A linha Eco da Levi’s foi cancelada e o New York Times publicou artigo em janeiro mostrando que a recessão acabou com o mercado verde de roupas. O recado não é novidade; As pessoas só querem salvar o planeta depois que a própria pele esteja salva, esquecendo que a pele de todos depende do planeta.
     Uma iniciativa promissora é o Better Cotton Initiative, uma organização composta por algumas das marcas internacionais de roupas para usar técnicas melhores de plantio de algodão. Algo como “vamos estimular os plantadores de algodão a fazer o que é ensinado a qualquer estudante de agronomia”. Note que há tantos plantadores de algodão com práticas minimamente razoáveis que eles nem tentaram escolher. Eles não enchem um micrônibus. A regra neste meio são um grande número de aplicações de agrotóxico, antes mesmo que haja evidência de pragas. É mais fácil aplicar de uma vez que ficar avaliando pragas.
     Não espere que a Better Cotton Initiave, o pouco algodão orgânico ou até mesmo as camisetas feitas de garrafas PET resolvam o problema. Estas, então são particularmente indulgentes ao atribuir algo de bom às 565.000 T de PET que o Brasil consumiu em 2010.
     Não há produto ambientalmente correto. O único produto realmente correto é aquele que você não comprou. Qualquer outro gastou água, agrotóxicos, queimou combustível ou extinguiu espécies
     Se o produto já chegou na prateleira da loja, o impacto já ocorreu, que adianta não comprá-lo ? O comércio anda a base de substituição. Se você não tirar a camiseta da prateleira, outra não entrará no lugar.    
     Isto é que é ambientalmente correto.

    Efraim Rodrigues

Tomodon dorsatus

Tomodon dorsatus
Serpente encontrada no Parque Municipal Danilo Galafassi, Cascavel. Jul/2010. Quem identificou foi o Marcos Born que indica uma bibliografia: CITADINI, Jessyca Michele. A influência da temperatura no comportamento defensivo em Tomodon dorsatus (Serpente, Dipsadidae).