Objetivos

O blog foi criado como uma ferramenta para divulgação dos trabalhos do projeto Biodiversidade Urbana de Cascavel que teve início em 2007, mas teve seus trabalhos desenvolvidos de forma mais sistemática a partir de 2008. O Projeto visa o conhecimento e a divulgação da diversidade de vida existente em espaços urbanos, no caso da cidade de Cascavel no Paraná.
Iniciamos com os componentes de fauna e flora, mas conforme a evolução e disponibilização de informações outros temas poderão ser abarcados. Em relação a fauna o blog será alimentado por fotos tiradas por nós ou por qualquer colaborador que as queira dividir e por encontradas em acervos públicos ou privados. Em relação a flora incialmente estaremos postando as fotos do Museu Botânico Itinerante, resultante da atuação de estagiárias da UNIOESTE, curso de Ciências biológicas, que pesquisaram, coletaram e processaram todo o material oriundo de áreas verdes do município de Cascavel, Paraná.

Nossa pretenção é de regularmente atualizarmos o blog com informações novas .



Obrigado, boa visita e volte sempre!



Luís Eduardo da Silveira Delgado (Dado)



Obs: Lá no final do blog há um livro de visitas, deixe seu recado!


quarta-feira, 16 de março de 2011

Um Mundo Sem Abelhas. Coluna Ambiente por Inteiro/ Efraim Rodrigues

Não é só na União da Ilha que a ala dos Insetos e Aracnídeos neste ano ficou meio decaída. Ao redor do mundo, colônias de abelhas estão morrendo maciçamente desde o carnaval de 2006.

Em cinco continentes o sintoma é o mesmo. Colônias com poucos indivíduos maduros, ou absolutamente sem indivíduos. A rainha permanece viva e não há abelhas mortas na colméia.
Como será o mundo sem abelhas ? O problema é bem mais sério do só que não haver mais mel no mundo. Muitas plantas dependem de serem polinizadas para produzirem. Apesar de todas transformações genéticas, fruto não existem só para a gente comer. Plantas produzem frutos para nutrir o desenvolvimento da plantinha pequena ou para serem comidas por animais que irão dispersar a semente. De toda forma, sem semente não tem fruto, e sem pólen não tem semente. Como as abelhas são grandes transportadoras de pólen, o resultado é que acabando as abelhas, irão acabar também muitos frutos. Café, abacate, maça e cacau são alguns dos produtos que irão sofrer com a falta de abelhas. As perdas podem chegar a 212 bilhões de dólares em todo mundo
Ao contrário do incêndio na cidade do samba, a causa do sumiço das abelhas não é conhecida. Já sabemos que há uma combinação de vírus e fungos nas abelhas encontradas mortas e que grandes apiários sofrem danos proporcionalmente maiores que os pequenos, reforçando a idéia que alguma doença esteja envolvida, mas ela não é a causa única. Para complicar ainda mais, o vírus é transmitido por um ácaro. A pesquisa tem enfocado em quatro áreas: Parasitas, estresses ambientais e cuidados com as abelhas, como má nutrição.
Algumas possibilidades inusitadas têm sido aventadas, como a telefonia celular, espécies transgênicas e agrotóxicos (esta última nem tão inusitada assim). Neste momento não me apresso para excluir nenhuma, mas um fato curioso mostra as forças envolvidas. No site do Serviço de Pesquisa Agrícola dos EUA há um destaque para um estudo que mostra não haver relação entre o declínio das colméias e agrotóxicos. Achei estranho e fui ler o artigo na PLOS-ONE de março de 2010, que encontrou “121 tipos de pesticidas nas amostras” e 98% das amostras de cera contaminadas”, “representando um nível notavelmente alto de elementos tóxicos na alimentação destes polinizadores”. Apesar dos termos empregados pelos autores, o Serviço de Pesquisa Agrícola estampa lá que “Não foram encontrados padrões específicos entre os resíduos e a morte de abelhas” colocando sob a vítima o custo de provar a culpa de seu algoz.
Empresas de agrotóxicos têm profundas e antigas ligações com a pesquisa governamental, em tese feita para auxiliar todos, não uns poucos. Não é só no Brasil que estas ligações são perigosas. Preste atenção no declínio das abelhas. Você vai pagar a conta com seu bolso ou sua saúde.
Efraim Rodruigues

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Filhotes de Primatas Humanos













                                                                                 Homo motormobilis


Tenho andado por ai, tentando a sorte na busca de fotos & fatos sobre a diversidade de vida na cidade. Em cada caminhada algo novo, um pássaro, uma árvore florida, algo assim. A vida na cidade é aquilo que alteramos, destruímos, construímos, e não estou tratando somente de coisas físicas, relações também se alteram, destroem, constroem e evoluem. As coisas físicas transformam as relações, as relações transformam as coisas físicas, sejam ela naturais ou artificiais.
Já houve um tempo em que as ruas eram das crianças que lá brincavam monitoradas pelos idosos nas cadeiras das calçadas ou que ficavam entreolhando pelas janelas abertas. Qualquer objeto deveria ser transformado antes de virar brinquedo, pois brinquedo era um conceito e não um objeto da loja.
Os rios abertos cruzavam as cidades, e todos sabiam que as nascentes eram os olhos d`água, e salvo as bicas não nasciam de canos PVC.
Perto estava o armazém do bairro, que não precisava anunciar em luminosas e escandalosas placas a sua existência.
Conheciam-se as pessoas e o sentido de comunidade era palpável.
Neste admirável mundo novo as coisas são diferentes, mas também poderiam ser mais diferentes ainda, tendo muitas coisas iguais e para todos.
Para que tenhamos mais tempo, andamos mais depressa, construímos carros e caminhos velozes, assim no ir e no voltar deveria nos sobrar mais tempo.

Tenho andado por ai, e o que menos vejo são as crianças fazendo uso do espaço de que deveria ser dado a elas. Segundo alguns vivemos num filiarcado, tendo em vista que nossa espécie passou de uma era r estrategista onde tínhamos muitos filhos pois poucos sobreviviam e então dispúnhamos pouco tempo para eles para uma era K estrategista, de gastarmos mais energia com a manutenção de poucos, e damos maior valor a tudo que é pouco. Mas, mesmo assim, confinamos nossos filhos em quartos e mundos virtuais, ou espaço alugados onde eles podem ser monitoradamente crianças.
Esta postagem é uma homenagem aos que tombaram na disputa deste território selvagem , aos que crianças ainda tentaram tomar o que é seu, mas que caíram diante de toneladas de ferro, aço e indiferença.

Tenho andado por aí sem ver crianças para fotografar.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mudança no clima causa enchentes?

São Paulo alagou mais uma vez nesta semana, mas esta foi muito pior porque eu estava lá.
Todos somos rápidos em concluir que as chuvas estão mais intensas por causa das alterações do clima. Já escrevi algumas vezes neste espaço que não havia relação confiável entre a mudança global e alterações locais, tais como a chuva paulistana.
O planeta é um sistema bem complicado e o aumento da temperatura global não implica obrigatoriamente em chuvas locais mais intensas. As nevascas nos EUA, por exemplo, fizeram com que um Senador Republicano ignorante construísse um Igloo em Washington, que ele chamou a "Casa de Al Gore". Assim como uma única nevasca não é prova da inexistência de efeito estufa, também não serão algumas chuvas a mais que serão prova conclusiva que com o aquecimento global teremos mais enchentes.
O cuidado científico pode parecer preciosismo, mas é importante porque gente poderosa tem gasto muito dinheiro para vender a idéia que "Há dúvidas se o clima está mudando". Basta um passinho em falso para este povo colocar sua máquina de mídia associada a pesquisadores vendidos dizendo "Estão vendo como TUDO está errado ??!"
Nesta semana mudei de opinião e não foi por ter presenciado a versão aquática do inferno. Um estudo publicado nesta semana na revista NATURE desenvolveu um modelo de clima mais acurado que os anteriores, e ele relaciona eventos climáticos locais com a alteração global do clima.
Há uma década que tem ocorrido mais eventos extremos de chuva no Hemisfério Norte, mas só agora foi possível ser conclusivo, rodando milhares de simulações de clima em alta resolução e comparando condições com e sem o efeitos estufa. O resultado é que a probabilidade de eventos extremos dobrou. O que era considerado um evento com probabilidade de ocorrer a cada 100 anos, irá agora ocorrer a cada 50 anos.
Por isso, eu acho que você deve ficar alguns anos longe das ações das seguradoras. Ao fim, somos nós que arcaremos com o aumento de enchentes, mas elas sofrerão prejuízo enquanto o preço dos seguros não sobe para cobrir o aumento das enchentes.

Estes estudos serão os precursores de muitos outros que irão debruçar-se sobre fenômenos locais como o derretimento da neve no Oeste Norte-Americano, a seca no Sul Africano e Europa e, espero, a concentração de chuvas na área da Floresta Atlântica, onde se soma um efeito global de alteração climática ao desmatamento local. Para isto, temos estrelas em ascensão como o Agroclimatólogo Marcelo Aguiar, recém chegado à Universidade, mas já prenhe de novas idéias.


                                                                                                          Quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011



                       Efraim Rodrigues

Bugio preto

                                                                                               Alouatta caraya

Este lindo animal de pelagem quase azul de tão preto é um macho. Se pensas que aquela boca mucha é devido a idade... acertou!. Pelo que sabemos lá pelos idos de 97-98, ele apareceu com que por encanto no Parque Danilo Galafassi e por lá ficou, livre. É pontual na sua busca diária por alimentos lá na cozinha do zoológico e de uma técnica e classse toda especial para comer as bananas que lhe são oferecidas, poderia dar aulas de etiqueta para muitos primatas humanos. Aqui está comendo folhas de um mamoeiro.   É muito fidalgo, após receber a comida e sentindo-se incomodado, simplesmente da as costas enquando degusta sua fruta voltando-se apenas quando concluído para pegar mais.
Posteriormente colocarei as fotos de tal fato.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Macaco-prego

                                                                                                  Cebus nigritus

Este filhote/jovem foi fotografado hoje (17/02/2011), no Parque Ecológico Paulo Gorski. Vi vários filhotes na garupa de suas mães e irmãos maiores o que vem demonstrar que a população vem aumentando. o que me imprecionou mais é que os animais estão mais acostumados com a presença humana e estão cada vez mais próximos. Verifiquei que estão recebendo alimentação dos visitantes. Devemos esperar para breve notícias de pessoas "atacadas" por macacos-pregos.  O fornecimento de alimentos poderá trazer a alteração do comportamento dos animais, aumento da população e doenças para os mesmos.  Poderemos ter no futuro um aumento maior na população e relatos de invasão dos mesmo nas residências próximas em busca de alimentos, e de acidentes com os mesmos. A pressão dos animais jovens nas disputas de hierarquia pode levar a vermos animais solitários andando pelos bairros da região do lago.
Além de todo o valor de existência e funções ecológicas tem também o papel de sentinelas de doenças humanas como as arboviroses.

10/06/2013
Recebo notícias que um animal adulto atacou uma criança na área do zoológico. Desde fevereiro os animais são vistos na área do Danilo Galafassi, tentando roubar ou ganhar comida dos recintos de seus congêneres. Uma preocupaçao é o impacto sobre as pinhas já que estão derrubando as verdes e assim prejudicar a regeneração dos antigos pinheiras. O consumo é duramente disputado com gralhas, homens e cutias. Um fato positivo é a possibilidade de dispersão de sementes homogeneizando as duas áreas em relação as espéceis vegetais. Estes animais vem sendo monitorados por duas estudantes de biologia da UNIOESTE, orientadas pelo Prof. José Flávio Candido Juior. Creio que a presença deva-se a fatores da população que vem crescendo também devido a suplementaçao alimentar e as grandes alteraçoes ambientais na região com a supressão de vegetação. O acesso ao Danilo Glafassi foi facilitado pelo corredor verde formado pelo adensamento de árvores no lado leste do lago, como um tranpolim ecológico.  Devemos lamentar o acidente e todos os transtornos....
Agora o nome dos macacos-pregos da região mudou para Sapajus nigrutus
Dado

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Furão

                                                                                                    Galictis cuja

A foto não está muito boa pois o animal saia da toca só para dar uma olhada e já se refugiava.
Foi tirada no Parque Municipal Danio Galafassi em 2010.  Já vimos bando de 4 animais atravessando o prolongamento da rua 13 de Maio, na porção de terra que liga o bairro Canadá, corriam em fila indiana. 
Andei vistoriando as imediações desta toca posteriormente mas não encontrei mais indícios de uso.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Dengue a Diversidade Empregadora

                                     Aedes aegypti (fêmea tomando um sanguinho)

Peguei emprestada esta foto na internet e me desculpem não sei de quem é. Mas esta vivente, com um padrão de cor até que interessante  é um componente da nossa biodiversidade urbana. De origem africana, possivelmente chegou no Brasil nos  navios negreiros que comercializavam escravos.  Arrojada e investidora é uma empreendedora que através de seu trabalho emprega muita gente. Vive em nossa sociedade culturalmente aristocrática onde uns acham que são demais para algo fazer a não ser mandar que se faça, e outros de menos, a espera que alguém faça o que se mande. Então, sob suas asas ,movimenta-se um contingente de atualmente 142 pessoas com uma demanda para  mais 50 agentes que diretamente ou indiretamente coletam exemplares, anotam dados, tabulam, analisam e montam estratégais para o combate a este mosquito. As informações são do Controle de Endemias da Secretaria Municipal de Saúde de Cascavel, responsável pelo controle da Dengue.   Este contingente de recursos humanos e financeiro poderia ser menor, ou então aproveitado em outras atividades, mas não, na prática, basicamente, prioritariamente eles vão nas nossas residências, locais de trabalho etc., para virar aquela tampinha de refrigerante no fundo de nosso quintal que ficou com cheia d'água e contar larvas que não necessitavam de estar lá.  Divide com outra espécie de Aedes o privilégio de abrigar o Falvivírus que pode te deixar com Dengue.
Dado
Segue o link para uma armadilha para mosquitos tipo faça você mesmo! Armadilha para captura de mosquitos ou mande alguém fazer e instalar!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Saí-azul

                                                       Dacnis cayana
Classificação


Reino: Animalia

Filo: Chodata

Classe: Aves

Ordem: Passeriformes

Subordem: Passeri

ParOrdem: Passerida

Família: Thraupidae cabani, 1847

Gênero e espécie: Dacnis Cayana Linnaeus,1766.

Características:

O Tamanho é de 13 centímetros pesando 16 gramas. O macho é azul com uma máscara negra. A fêmea tem a cabeça azulada e o corpo verdes com as pernas alaranjadas.

Alimentação:

Alimentam-se de néctar, insetos e frutas.

Reprodução:

Atinge a maturidade aos 12 meses. A estação reprodutiva é na primavera verão, quando chocam 2-3 ovos, com 2 a 4 ninhadas.

Hábitat

Vivem nas bordas de florestas, capoeiras e campo com árvores esparsas.

Comportamento:

Vivem aos pares ou em pequenos grupos.

Encontrado em praticamente todo o Brasil.

Fontes: wikaves.com.br

Encontrado no Parque Municipal Danilo Galafassi.
É comum encontrarmos os machos disputando território com seus reflexos nos vidros do Museu de História Natural e Centro de Educação Gralha Azul.  O besourinho não sei quem é. A foto é de 10/02/2011.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O últimos dos .....O Ano em que não mantivemos mais contato!

O processo de extinção é pra sempre, mas leva-se algum tempo até percebermos que ...já se foi. Até mesmo a ciência, com sua precaução, deixa transcorrer um tempo para então dizer que algo não existe mais. Podemos ter a extinção total de uma espécie ou o que vem antes, as extinções locais e regionais. Também temos as extinçao ecológica, ou seja, temos um exemplar, ou exemplares, mas que não sabem ou não podem por algum motivo, ser o que realmente são, "aquela espécie", não reproduzem, e não sabem como a sua espécie se comporta na natureza. Os motivos são vários, mas o nascimento em cativeiro ou o longo tempo de vida nele estão entra as causas mais comuns, independentemente de como foram parar lá. Assim apesar de existirem biológicamente, são considerados extintos ecológicamente, não existem mais na natureza.  Normalmente o que fica na memória é a última vez em que mantivemos contato, qual foi o último registro, a última lembrança!
Este ano estou propondo a mim e aos interessados uma pergunta, uma verdadeira gincana, uma investigação, um resgate na história do município, quando foi a última vez que uma onça tanto faz ser a pintada (Panthera onca) ou a parda (Puma concolor), foi(foram) vista(s) dentro do perímetro urbano de Cascavel?
Quem tiver alguma pista, favor repassar.
Dado

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Eletricidade realmente sustentável- Coluna Ambiente por Inteiro



Eletricidade realmente sustentável,       01/02/2011 


 Um aspecto desagradável do ambientalismo é a facilidade com que temos nossa atenção desviada, como a criança que fica feliz de ir ao dentista porque vai ganhar sorvete depois.
A pressão do executivo para construir a usina de Belo Monte é antiga, já foi o pivot da saída de Marina Silva, esteve relacionada também com a demissão de Roberto Messias e agora causou a demissão de Abelardo Bayma, que já havia assinado a licença da Hidrelétrica de Teles Pires (posteriormente suspensa por liminar da juíza Hind Ghassan Kayath, da 9a. Vara da Justiça Federal). Tendo feito mais esta vítima, não resta agora muito mais quadros do PT dispostos a arcar com a responsabilidade.
Como dizia, ambientalistas se perdem facilmente nos detalhes. Ainda mais sério que os inúmeros problemas de Belo Monte ou Teles Pires, é nos perguntarmos para quê precisamos de energia elétrica.
Antes da construção da usina, a resposta é “Precisamos de energia para hospitais, escolas e empregos”. Depois de construídas, subsidiamos energia para produção de alumínio, em especial na região Norte, onde cada gigawatt aplicado no beneficiamento da bauxita cria 2,4 empregos para exportar lingotes de alumínio. O lucro fica com os acionistas, o prejuízo é rateado entre os brasileiros (pagadores e não pagadores de impostos).
A construção de hidrelétricas para valorizar ações de empresas internacionais não é um problema ambiental ou social. Se o país não recebe pelo custo verdadeiro da energia elétrica, estamos simplesmente sendo roubados.
Além deste interesse, há também os 19 bilhões de reais em obras para Belo Monte, acrescidos da rede de transmissão e muito certamente dos adendos de projeto que multiplicam o preço.
Se economizarmos, há energia equivalente a muitas usinas para ser ganha. E a culpa do gasto de energia não é do Pedrinho que larga acesa a luz do quarto como se fosse sócio da companhia de luz. É do governo que não transforma o aquecimento solar de água em mania nacional. Ontem tomei um banho quente na chuva só porque a água passava por uma laje aquecida ao sol. As poucas pessoas que possuem coletores solares no teto de suas casas estão mortas de saber disto, mas é novidade para a maioria que usa a preciosa energia elétrica para aquecer água.
Não pense que sua eletricidade é limpa porque vem, em grande parte, da queda de uma cachoeira. Além da área ocupada pelo lago e de seu assoreamento (entupimento) com terra, há também a emissão de metano. A não ser por um trabalho publicado por Phillip Fearnside em 1995, não fazemos o trabalho óbvio de medir quanto metano sai do lago e somar com aquele que é liberado ao passar pelo “liquidificador” da turbina. No caso de Balbina, libera-se mais metano que uma usina termoelétrica equivalente.
Assim como no caso da semana passada [O produto realmente sustentável], a única energia realmente limpa é aquela que deixamos de consumir.
Efraim Rodrigues

Efraim Rodrigues, Ph.D., é Doutor pela Universidade de Harvard, Professor Associado de Recursos Naturais da Universidade Estadual de Londrina, consultor do programa FODEPAL da FAO-ONU, autor dos livros Biologia da Conservação e Histórias Impublicáveis sobre trabalhos acadêmicos e seus autores. Também ajuda escolas do Vale do Paraíba-SP, Brasília-DF, Curitiba e Londrina-PR a transformar lixo de cozinha em adubo orgânico e a coletar água da chuva

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Coluna Ambiente por Inteiro Conservação Inevitável

Conservação Inevitável


Efraim Rodrigues

Acabo de ler Dom Pedro II, de José Murilo de Carvalho. A História Brasileira me interessa por que de tanto repetir-se, é sempre atual.

A abolição da escravatura esteve constantemente em pauta a partir do meio do século 19, mas os donos de terras conseguiram evitá-la por diversos meios.

- Sem escravos não existe agricultura no Brasil !

- O imperador quer a abolição só para mostrar-se na Europa !

- Quem vai ressarcir os proprietários de escravos ?

Alguns anos depois percebemos que mais que assegurar um direito humano (como se fosse pouco) a escravatura era um empecilho para a construção de um país de fato. Os donos de terras até gostavam de dispor de mão de obra muito barata, mas isto ia contra o verdadeiro progresso do país.

Faz 20 anos que ouço o lobby ruralista dizendo

- O Código Florestal vai acabar com a agricultura do país !

- Isto é pressão de ONGs estrangeiras !

- Quem vai nos ressarcir pela área perdida ??

Melhorar nosso ambiente é tarefa para todos e todos têm dado sua contribuição. A indústria sofre pesada regulação ambiental tanto do governo como de seus consumidores. Cidadãos têm sua carga de impostos aumentada, em parte para melhorar a conservação. Assim como no caso da escravatura, há proprietários de terras com mais visão que já estão no século 21, mas muitos ainda perdem tempo em Brasília tentando tapar o sol com a peneira.

Talvez conseguirão, considerando sua esperteza de tentar aprovar a urgência da votação da alteração do código florestal enquanto a bancada ambientalista estava em Cancun (não avisei que o encontro era uma fria ???). Um golpe de mestre que quase regrediu o país umas cinco décadas.

O lobby ruralista simplesmente teme o efeito desinfetante da luz do sol que o debate acadêmico e a participação populares vão trazer.

Agora, um dia depois desta coluna ter ido para os jornais, vemos que até nisto eles são muito espertos. De fato, a pressão popular não só conseguiria, como de fato conseguiu adiar a votação. Este adiamento é importante para que sejam incorporadas as opiniões públicas, acadêmicas e do Ministério do Meio Ambiente.

Acadêmicos têm trazido idéias interessantes, como a que não falta terras para agricultura e pecuária (já que há muita terra subutilizada). O país gasta muito para manter as universidades públicas. Não seria recomendável ouvir o que seus melhores professores têm a dizer ? Veja três destes trabalhos em meu blog http://ambienteporinteiro-efraim.blogspot.com/


Até agora, bastou fazer agricultura como mineração; explora e parte para outra. Agora que não temos mais fronteira agrícola, é melhor começar a pensar em uma agricultura mais sustentável, e o Código Florestal contribui para isto.

Prestem atenção, que esta gente lá em Brasília está quase trazendo a escravatura de volta para nosso país.

Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é Doutor pela Universidade de Harvard, Professor Associado de Recursos Naturais da Universidade Estadual de Londrina, consultor do programa FODEPAL da FAO-ONU, autor dos livros Biologia da Conservação e Histórias Impublicáveis sobre trabalhos acadêmicos e seus autores. Também ajuda escolas do Vale do Paraíba-SP, Brasília-DF, Curitiba e Londrina-PR a transformar lixo de cozinha em adubo orgânico e a coletar água da chuva

http://ambienteporinteiro-efraim.blogspot.com/

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Coluna Ambiente por Inteiro- Domingo, 23 de janeiro de 2011 O produto realmente sustentável






         Domingo, 23 de janeiro de 2011O produto realmente sustentável

     Quando ouço sobre “produtos sustentáveis”, me lembro do Alfeu, um amigo agricultor orgânico que montou uma barraca na feirinha dos produtores no centro de Londrina, com uma grande placa PRODUTOS ORGÂNICOS. Fez sucesso, vendeu tudo e na semana seguinte seus colegas todos tinham uma placa igual.
    Todos querem seu produto mais atraente para o consumidor, e uma balela freqüente é chamá-lo de sustentável, ecológico, verde, orgânico, natural, ou    ambiental.

    O paraíso da balela verde são as camisetas e calças jeans, produtos voltados para o público mais jovem e freqüentemente menos atento (os mais velhos são mais atentos mas também menos dispostos).

    Você pode comprar uma camiseta colorida de verde com uma árvore estampada, mas o fato é que para produzi-la gasta-se 150 g de agrotóxico e 2700 l de água. O primeiro dado é da Universidade de Cornell e o segundo é da ONG Waterfootprint. E o algodão orgânico ? Ele custa caro e as pessoas não gostam porque a fibra não é tão macia.
     Só os lunáticos acham que o mercado deseja produtos ambientais. A linha Eco da Levi’s foi cancelada e o New York Times publicou artigo em janeiro mostrando que a recessão acabou com o mercado verde de roupas. O recado não é novidade; As pessoas só querem salvar o planeta depois que a própria pele esteja salva, esquecendo que a pele de todos depende do planeta.
     Uma iniciativa promissora é o Better Cotton Initiative, uma organização composta por algumas das marcas internacionais de roupas para usar técnicas melhores de plantio de algodão. Algo como “vamos estimular os plantadores de algodão a fazer o que é ensinado a qualquer estudante de agronomia”. Note que há tantos plantadores de algodão com práticas minimamente razoáveis que eles nem tentaram escolher. Eles não enchem um micrônibus. A regra neste meio são um grande número de aplicações de agrotóxico, antes mesmo que haja evidência de pragas. É mais fácil aplicar de uma vez que ficar avaliando pragas.
     Não espere que a Better Cotton Initiave, o pouco algodão orgânico ou até mesmo as camisetas feitas de garrafas PET resolvam o problema. Estas, então são particularmente indulgentes ao atribuir algo de bom às 565.000 T de PET que o Brasil consumiu em 2010.
     Não há produto ambientalmente correto. O único produto realmente correto é aquele que você não comprou. Qualquer outro gastou água, agrotóxicos, queimou combustível ou extinguiu espécies
     Se o produto já chegou na prateleira da loja, o impacto já ocorreu, que adianta não comprá-lo ? O comércio anda a base de substituição. Se você não tirar a camiseta da prateleira, outra não entrará no lugar.    
     Isto é que é ambientalmente correto.

    Efraim Rodrigues

Tomodon dorsatus

Tomodon dorsatus
Serpente encontrada no Parque Municipal Danilo Galafassi, Cascavel. Jul/2010. Quem identificou foi o Marcos Born que indica uma bibliografia: CITADINI, Jessyca Michele. A influência da temperatura no comportamento defensivo em Tomodon dorsatus (Serpente, Dipsadidae).