Homo motormobilis
Tenho andado por ai, tentando a sorte na busca de fotos & fatos sobre a diversidade de vida na cidade. Em cada caminhada algo novo, um pássaro, uma árvore florida, algo assim. A vida na cidade é aquilo que alteramos, destruímos, construímos, e não estou tratando somente de coisas físicas, relações também se alteram, destroem, constroem e evoluem. As coisas físicas transformam as relações, as relações transformam as coisas físicas, sejam ela naturais ou artificiais.
Já houve um tempo em que as ruas eram das crianças que lá brincavam monitoradas pelos idosos nas cadeiras das calçadas ou que ficavam entreolhando pelas janelas abertas. Qualquer objeto deveria ser transformado antes de virar brinquedo, pois brinquedo era um conceito e não um objeto da loja.
Os rios abertos cruzavam as cidades, e todos sabiam que as nascentes eram os olhos d`água, e salvo as bicas não nasciam de canos PVC.
Perto estava o armazém do bairro, que não precisava anunciar em luminosas e escandalosas placas a sua existência.
Conheciam-se as pessoas e o sentido de comunidade era palpável.
Neste admirável mundo novo as coisas são diferentes, mas também poderiam ser mais diferentes ainda, tendo muitas coisas iguais e para todos.
Para que tenhamos mais tempo, andamos mais depressa, construímos carros e caminhos velozes, assim no ir e no voltar deveria nos sobrar mais tempo.
Tenho andado por ai, e o que menos vejo são as crianças fazendo uso do espaço de que deveria ser dado a elas. Segundo alguns vivemos num filiarcado, tendo em vista que nossa espécie passou de uma era r estrategista onde tínhamos muitos filhos pois poucos sobreviviam e então dispúnhamos pouco tempo para eles para uma era K estrategista, de gastarmos mais energia com a manutenção de poucos, e damos maior valor a tudo que é pouco. Mas, mesmo assim, confinamos nossos filhos em quartos e mundos virtuais, ou espaço alugados onde eles podem ser monitoradamente crianças.
Esta postagem é uma homenagem aos que tombaram na disputa deste território selvagem , aos que crianças ainda tentaram tomar o que é seu, mas que caíram diante de toneladas de ferro, aço e indiferença.
Tenho andado por aí sem ver crianças para fotografar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário